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Nova estratégia comercial da Petrobras deve ter impacto limitado nos preços dos combustíveis

Estatal encerrou subordinação obrigatória ao chamado preço de paridade de importação.


Por CombusPro


A nova estratégia para definição de preços de diesel e gasolina da Petrobras não deve modificar significativamente os preços praticados pela companhia, de acordo com especialistas.


Na terça-feira (16/5), a estatal informou que encerrará a subordinação obrigatória ao preço de paridade de importação (PPI), mantendo o alinhamento aos preços competitivos por polo de venda.


A estratégia usará referências de mercado como o custo alternativo do cliente e o valor marginal para a Petrobras.


O primeiro contempla as principais alternativas de suprimento, sejam fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos. Já o valor marginal é baseado no custo de oportunidade, dadas as alternativas de que a Petrobras dispõe, como produção, importação e exportação do produto e/ou dos petróleos utilizados no refino.


O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, ressaltou que o novo modelo não implica um afastamento da referência internacional de preços.


"Quando o mercado no exterior estiver aquecido para o petróleo e seus derivados, com preços incomuns, mais altos, isso se refletirá no Brasil, porque 'abrasileirar os preços’ significa levar em conta nossas vantagens, mas sem tirar o Brasil do contexto internacional", disse a jornalistas.


Para Victor Bueno, sócio e analista da Nord Research, o anúncio se tratou mais de um discurso político do que uma mudança de fato, tanto que as ações da Petrobras fecharam em alta no fechamento do mercado.


No entanto, o comunicado da empresa não foi suficientemente detalhado, deixando incertezas no ar.


“Com o PPI, tínhamos uma âncora e sabíamos o que aconteceria com o preço da Petrobras. Agora, precisamos entender o que exatamente entrará nos custos alternativos do cliente e no valor marginal da Petrobras,” disse Bueno à CombusPro.


Ele alertou que, caso a Petrobras baixe demais os preços, isso poderá afetar a cadeia de combustíveis no país, na medida em que não seria mais atrativo para refinarias concorrentes seguirem operando.


“E, consequentemente, a Petrobras teria que arcar com a demanda interna, o que poderia gerar consequências negativas para os seus resultados financeiros”, completou.


Sérgio Araújo, presidente-executivo da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), criticou a falta de detalhamento da nova estratégia comercial da Petrobras.


“De concreto, só a falta de previsibilidade. Nenhuma transparência”, afirmou à CombusPro, assinalando que a mudança pode pôr em risco o abastecimento interno e prejudicar a concorrência.


Segundo a Leggio Consultoria, as mudanças devem propiciar uma queda de preços limitada tanto no diesel como na gasolina.


“As margens de refino no país estão entre 3% e 10%, limitando a capacidade da Petrobras de dar descontos em relação ao PPI. Além disso, as reduções não serão repassadas integramente ao consumidor”, pontuou Marcus D’Élia, sócio da Leggio.


Ele explicou que, como o Brasil importa parte do diesel e da gasolina consumidos internamente, o preço final ao consumidor será uma média ponderada do preço da Petrobras com o valor do produto importado. Por isso, o impacto na redução do preço final ao consumidor será pequeno.


Momentos depois de anunciar a nova estratégia comercial, a Petrobras informou que, a partir desta quarta-feira (17/5), diminuirá os preços do diesel e da gasolina em suas refinarias.


No caso do diesel, a redução do preço médio para as distribuidoras será de R$ 0,44 por litro, passando de R$ 3,46 para R$ 3,02 por litro.


Já para a gasolina, a queda será de R$ 0,40 por litro, caindo de R$ 3,18 para R$ 2,78 por litro.


“O exemplo de hoje [terça-feira], no anúncio das reduções de preço, mostra a limitação que existe em se descolar fortemente do preço PPI”, observou D’Élia.


Na avaliação do Observatório Social do Petróleo (OSP), a nova política de preços da Petrobras não apresenta critérios objetivos que garantam, de fato, o “abrasileiramento” dos preços, como prometido pelo presidente Lula.


“Os parâmetros utilizados não são claros em relação à definição dos preços, critérios esses que seriam muito importantes para assegurar a ligação dos preços aos custos reais de produção, isto é, o abrasileiramento, e, assim, ofertar ao consumidor brasileiro valores menores do que a paridade de importação”, disse o economista Eric Gil Dantas, do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps).

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